BLOG DO LOUCO

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Brasil será investigado por caso Herzog





A Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) vai investigar a responsabilidade do Brasil por não esclarecer as circunstâncias da morte do jornalista Vladimir Herzog, em 1975, durante a ditadura.
O caso foi admitido pelo órgão internacional em novembro passado e divulgado ontem por entidades ligadas aos direitos humanos, que fizeram a denúncia em 2009.
De acordo com a denúncia, o Brasil não cumpriu seu dever de investigar, processar e punir os responsáveis pela morte do jornalista.
A expectativa é que em até um ano a comissão da OEA conclua o processo e divulgue um relatório com recomendações ao governo brasileiro. Entre elas, poderá estar a abertura de um inquérito criminal para esclarecer as circunstâncias do caso.
Se o país não cumprir as recomendações, o caso deverá ser levado à Corte Interamericana de Direitos Humanos, instância superior que poderá condenar o Brasil, como o fez em 2010 por causa dos mortos e desaparecidos na guerrilha do Araguaia.
Quando foi notificado sobre a denúncia, no ano passado, o governo brasileiro argumentou que não poderia abrir um inquérito para investigar o caso porque o crime está anistiado. A jurisprudência da OEA, contudo, afirma que a Lei da Anistia não pode ser usada para impedir investigação e punição dos responsáveis por grandes violações dos direitos humanos, como torturas e desaparecimentos forçados.
Vlado, como era conhecido, morreu após ser torturado no DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operação de Defesa Interna), em São Paulo. Na época, a versão do Exército para sua morte foi a de suicídio, mas no ano passado a Justiça determinou a correção de seu atestado de óbito, para constar que a morte ocorreu em decorrência de "lesões e maus tratos".
"A gente quer saber quem são os responsáveis pelo que aconteceu ao meu pai", afirma Ivo Herzog, filho do jornalista.
Autor: jornal Folha de S. Paulo
Notícia na íntegra no link abaixo:

sábado, 12 de janeiro de 2013

DILMA E ALCKMIN FRACASSAM NA SEGURANÇA




LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista e diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Estou no professorlfg.com.br

Dilma fez o balanço dos dez anos do PT no governo federal (Folha de S. Paulo de 30.12.12, p. A3) e enfatizou vários avanços: combate à desigualdade social, educação, saúde, habitação, aumento da classe média, redução da pobreza, aumento na renda média do brasileiro, privatizações, barateamento da energia elétrica etc. Não mencionou o item segurança pública.
O site do governo do Estado de São Paulo mostrou a retrospectiva do ano de 2012 e omitiu a seríssima crise na segurança pública, que acabou resultando na troca do secretário da segurança (Folha de S. Paulo de 30.12.12, p. A4).
Ambos omitiram o assunto (ou dados relevantes sobre) segurança pública. Por quê? Porque os índices explosivos da criminalidade e da violência, em 2012, tanto nacional como no Estado de São Paulo, estão afetando de forma patente a avaliação dos dois.
Em relação a Dilma, Mauro Paulino e Alessandro Janon (diretor-geral e diretor de pesquisas do Datafolha) explicaram (em 16.12.12): “A taxa dos que acham que Dilma vem fazendo menos pelo país do que o esperado cresceu oito pontos nos últimos oito meses e o índice dos que esperam da petista um governo ótimo ou bom daqui para frente caiu cinco pontos em quase um ano. Essa desconfiança sobre o desempenho da presidente pode ser explicada em parte pela sensação de insegurança. Menções à violência cresceram de maneira significativa nas perguntas sobre o principal problema do país e sobre a área de pior atuação do governo petista, especialmente entre os nordestinos. Além disso, a reprovação ao desempenho de Dilma na área de segurança pública subiu 11 pontos percentuais.”
De outro lado, em setembro de 2012, 40% achavam o governo Alckmin ótimo ou bom; em outubro, o percentual caiu para 29% (Datafolha, Folha de S. Paulo de 25.11.12, p. C4). Em setembro seu governo era ruim ou péssimo para 17%; em outubro chegou a 25% (Datafolha). Alckmin perdeu 11 pontos percentuais (na sua avaliação) em um único mês e 63% dos paulistanos acham ruim ou péssima a sua atuação na área da segurança pública. É a pior avaliação de um governador de estado desde 1997. Nem mesmo Cláudio Lembo, que administrava São Paulo na época dos ataques concentrados do PCC em maio de 2006, chegou a receber tão baixa avaliação (56%, contra 63% de Alckmin, em outubro de 2012).
Com um total de 190.818 detentos, o estado paulista lidera o número absoluto de presos no Brasil, com taxa de 462,56 presos/100 mil habitantes (considerada a população de 41.252.160 habitantes). São Paulo é o quarto estado que mais prende no país, ficando atrás apenas de Mato Grosso do Sul, Rondônia e Acre. O Estado de São Paulo conta com 35% dos presos de todo país. Aumento de 247% nos últimos 18 anos. A velha política paulista do encarceramento massivo parece apresentar sinais evidentes de desgaste. Aumenta a cada dia a população carcerária e, quase na mesma proporção, a violência.   
As crises no setor da segurança, em São Paulo e no Brasil, estão afetando a credibilidade dos governos do PT e do PSDB. Mais do que economia, emprego, aumento salarial ou corrupção, a segurança pública pode definir o quadro sucessório eleitoral de 2014, havendo mais desvantagens, neste momento, para o governo paulista. Mas muita água ainda vai rolar.

http://www.institutoavantebrasil.com.br/artigos-do-prof-lfg/2012-dilma-e-alckmin-fracassam-na-seguranca/