Advogados de acusados avaliam que
comportamento de juiz do STF pode atrapalhar andamento do processo
Ricardo Galhardo e Wilson Lima - enviado do iG a
Brasília e iG Brasília
Logo nos primeiros minutos do julgamento do mensalão no Supremo
Tribunal Federal, quinta-feira, o ministro revisor, Ricardo Lewandowski, votava
favoravelmente ao desmembramento do processo pedido pela defesa quando foi
abruptamente interrompido pelo ministro relator, Joaquim Barbosa.
“Me causa
espécie vossa excelência se pronunciar pelo desmembramento do processo quando
poderia tê-lo feito Há seis ou oito meses. É deslealdade”, afirmou Barbosa.
Lewandowski registrou o golpe e fez um alerta: “Acho que é
um termo um pouco forte que vossa excelência está usando. Está pronunciando que
o julgamento será muito tumultuado”.
Advogados de
defesa dos réus do mensalão avaliam que o comportamento às vezes destemperado
de Barbosa pode atrapalhar o andamento do processo.
“Pode
atrapalhar o julgamento. Ontem (quinta-feira), por exemplo, naquele debate
áspero que se travou entre os ministros Barbosa e Lewandowski faltou um pouco
de presença da presidência para impedir que aquele tipo de agressão existisse”,
disse o advogado Alberto Zacharias Toron, que defende o deputado João Paulo
Cunha.
Na avaliação
dos envolvidos com o caso, um julgamento tumultuado favorece a absolvição dos
réus. No dia 3 de setembro o ministro César Pelluso, visto como voto certo pela
condenação, completará 70 anos e será aposentado compulsoriamente. Uma das
estratégias – não declarada - dos advogados é tentar empurrar o processo até a
aposentadoria de Pelluso.
Para os
advogados, o destempero do ministro relator não pode ser explorado formalmente,
mas deve ser usado nas estratégias de defesa.
“Quem
tiver interesse em atrasar o processo pode jogar as provocações e torcer para o
ministro morder a isca”, disse Luiz Francisco Corrêa Barbosa, defensor do
presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson.
A reação
violenta de Joaquim Barbosa contra Lewandowski foi o principal alvo de críticas
nos dois primeiros dias do julgamento. Os advogados foram unânimes em condenar
o destempero do ministro.
“Infelizmente
o ministro Joaquim é dado às vezes a fazer uma frase um pouco mais forte de
efeito que, no meu entendimento, não caberia no plenário do Supremo”, disse
Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, advogado do publicitário Duda
Mendonça e sua sócia Zuleide Fernandes.
Para
Kakai, no entanto, isso não deve atrapalhar o julgamento. “Não atrapalha. Só
vai ser divertido”, afirmou.
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